Opinião: Por que professores não devem fazer greve?

Quando penso que trabalho com política e educação ao mesmo tempo, sinto-me como a genial Adélia Prado, quando ela diz: "estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa". Permito que você, caro leitor, compreenda essa citação de Adélia como bem preferir.

Depois, repenso-me e chego à conclusão que talvez eu esteja tendo um privilégio, afinal educação deveria ser política e política deveria ser educação. Mas em quê isso me acrescenta? Em muito!

Conhecendo a política de perto, percebo o quanto a imensa maioria - digo isso para não generalizar, apesar de querer bastante usar a palavra "todos" - dos nossos políticos está destruindo a nossa educação pública. Principalmente quando se trata do (des)governo de Minas Gerais: para ele, educação não é investimento, é prejuízo!

Antes de questionar minha opinião, o que eu com certeza permito, caro leitor, peço que analise e reúna alguns pontos: Uma greve de professores, ou mesmo uma paralisação de apenas um dia, atrasaria todo o calendário escolar, afinal esses dias de pausa, sejamos sinceros, não serão devidamente compensados. Essa perda de aulas causaria um efeito benéfico para o (des)governo, afinal povo ignorante vota nos mesmos (des)governantes de sempre.

Perceba que é uma bola de neve: o (des)governo maltrata a educação, os professores se revoltam e fazem greve, os alunos ficam sem aula, por isso ficam menos reflexivos e, no futuro, votam errado e mantêm o (des)governo no poder.

Quando falo isso, ouço alguns professores dizerem que greve é sim uma pressão no (des)governo, afinal isso chama a atenção do povo, principalmente em período eleitoral. Ledo engano! O (des)governo não se importa com isso porque sabe que a grande massa nem fica sabendo de tal situação e, se fica, esquece rápido.

Além disso, como uma pausa das atividades dos professores de escolas públicas afetaria diretamente os nossos (des)governantes se os filhos deles desfrutam das melhores escolas particulares pagas com o nosso dinheiro, meu leitor? Como professores mal pagos terão vontade de ensinar similar à dos aos professores das escolas de elite? Como eu ficaria feliz se visse os professores percebessem o grande poder que possuem!

Se o professor quer realmente mudar a educação, ele precisa fazer o caminho inverso: ir para a sala de aula e, além de ficar repetindo matérias, em vez de ficar dando broncas estapafúrdias, politizar nossos estudantes. Este é o caminho: ensinar ao estudante a votar corretamente, tentando escolher o melhor - ou menos pior - candidato. É necessário mostrar para o estudante que é ele quem tem o poder de transformar a educação a fim de mudar a sua própria vida. E em quê consiste esse poder? No estudo: da filosofia, da sociologia, da história, da linguística.

Reflita, meu leitor. Só a cultura transformará nosso país e tirará esse prefixo que, quando aparece antes da palavra "governo", destrói mais que qualquer guerra: o prefixo "des-".